Muhammad Yunus (na foto central, cercado de financiadas) nasceu na asiática República Popular de Bangladesh, um dos países mais populosos do mundo - perto de 140 milhões de habitantes. Doutor em Economia, Yunus é o fundador do Banco Grameen e autor de 2 livros ("O Banqueiro dos Pobres" e "Um Mundo Sem Pobreza", ambos da Ed .Ática). Em 2006, Yunus e o Banco Grameen ganharam o Prêmio Nobel da Paz.
No final da década de 1970, Yunus criou o Banco Grameen e o conceito de microcrédito - fornecimento de empréstimos, sem garantias, aos pobres, principalmente mulheres para se iniciem os próprios negócios e saiam da miséria.
O Grameen procura operar o mais próximo possível dos juros do mercado local (equivalente, no Brasil, à taxa Selic), com operações auto-sustentáveis e priorizando a construção do capital social. Não são cobrados juros sobre juros. São 2.185 agências, com quase 20 mil funcionários, todos remunerados.
O empréstimo baseia-se exclusivamente na confiança, contrapondo o sistema tradicional de crédito dos bancos tradicionais que rejeitam os pobres “indignos” de crédito. A inadimplência é menor que 2% e nos últimos 20 anos, o banco emprestou mais de 6,5 bilhões de dólares a 7,2 milhões de beneficiários. De Bangladesh, o microcrédito se espalhou pelo mundo e atualmente favorece milhões de famílias.
Em Jun/2008, Yunus esteve no Brasil com o Presidente Lula, a quem sugeriu a implantação de um programa de microcrédito em regiões pobres semelhante ao que desenvolve em Bangladesh com o Banco Grameen. Yunus sugeriu a Lula um programa de US$ 6 milhões em quatro anos, com empréstimos individuais na média de US$ 200. Yunus disse a Lula que o papel do governo, quando se trata de microcrédito, se limita à criação de uma legislação específica e de um órgão para regular o sistema e que, quando o governo se envolve com o microcrédito, a solidez econômica deixa de ser a prioridade e dá lugar à política.
Torço que esta idéia dasboas saia do papel e se transforme em realidade.
Proporcionar o microcrédito é incentivar o trabalho autônomo ou auto-emprego. Eis 2 trechos do 1° livro de Yunus em que fala sobre a CARIDADE:
"Quando circulamos de carro por Daca (Capital de Bangladesh) somos atacados de todos os lados por mendigos profissionais. Nossa primeira reação é dar-lhes uma esmola. Por que não? Por alguns tostões, podemos aplacar nossa consciência. Quando somos abordados por um leproso com os dedos e as mãos devorados pela doença, ficamos tão chocados que imediatamente levamos a mão ao bolso e entregamos ao infeliz uma nota que para nós não é nada, mas representa uma fortuna para quem a recebe. Isso é útil? Não e na maioria das vezes é até danoso.
Aquele que dá fica com a impressão de ter feito alguma coisa. Mas não fez absolutamente nada. Dar dinheiro dispensa-nos tranquilamente de encararmos o verdadeiro problema. Oferecendo uma soma irrisória ficamos com a consciência limpa. Mas, na verdade, limitamo-nos a nos livrar provisoriamente do problema. Mas por quanto tempo?
A caridade não é uma solução, nem a longo nem a curto prazo. O mendigo passará para o carro seguinte e recomeçará. E acabará por voltar a ver seu "benfeitor", de quem agora precisa para viver. Se queremos sinceramente resolver o problema, precisamos nos envolver e dar início a um processo. Se o doador abrisse a porta do carro para perguntar ao mendigo qual é o seu problema, como se chama que idade tem, se solicitou assistência médica, qual é a sua formação, então poderia talvez prestar-lhe um serviço. Mas entregar-lhe uma nota é implicitamente convidá-lo a sumir de vista para nos deixar em paz. Não questiono o dever moral da ajuda nem o impulso que nos leva a ajudar os necessitados; condeno apenas a forma de que se reveste essa ajuda.
Do ponto de vista do beneficiário, a caridade pode ter efeitos desastrosos. Em muitos casos, ela desmotiva o mendigo a sair de sua situação. Quanto ao doente, ele nem sequer tenta se tratar, pois a cura significaria a perda dessa fonte de dinheiro...
Em todos os casos, a mendicância priva o homem de sua dignidade. Dispensando-o de prover as suas necessidades, ela o incita à passividade. Não é suficiente ficar sentado e estender a mão para ganhar a vida?
Quando vejo uma criança mendigando, resisto ao impulso natural de dar. Preciso admitir que às vezes me acontece de dar a esmola, sobretudo quando a miséria humana é tão terrível - um doente, uma mãe cujo filho está à beira da morte - que não posso evitar levar a mão ao bolso e dar alguma coisa. Mas sempre que é possível reprimo esse impulso."
Aquele que dá fica com a impressão de ter feito alguma coisa. Mas não fez absolutamente nada. Dar dinheiro dispensa-nos tranquilamente de encararmos o verdadeiro problema. Oferecendo uma soma irrisória ficamos com a consciência limpa. Mas, na verdade, limitamo-nos a nos livrar provisoriamente do problema. Mas por quanto tempo?
A caridade não é uma solução, nem a longo nem a curto prazo. O mendigo passará para o carro seguinte e recomeçará. E acabará por voltar a ver seu "benfeitor", de quem agora precisa para viver. Se queremos sinceramente resolver o problema, precisamos nos envolver e dar início a um processo. Se o doador abrisse a porta do carro para perguntar ao mendigo qual é o seu problema, como se chama que idade tem, se solicitou assistência médica, qual é a sua formação, então poderia talvez prestar-lhe um serviço. Mas entregar-lhe uma nota é implicitamente convidá-lo a sumir de vista para nos deixar em paz. Não questiono o dever moral da ajuda nem o impulso que nos leva a ajudar os necessitados; condeno apenas a forma de que se reveste essa ajuda.
Do ponto de vista do beneficiário, a caridade pode ter efeitos desastrosos. Em muitos casos, ela desmotiva o mendigo a sair de sua situação. Quanto ao doente, ele nem sequer tenta se tratar, pois a cura significaria a perda dessa fonte de dinheiro...
Em todos os casos, a mendicância priva o homem de sua dignidade. Dispensando-o de prover as suas necessidades, ela o incita à passividade. Não é suficiente ficar sentado e estender a mão para ganhar a vida?
Quando vejo uma criança mendigando, resisto ao impulso natural de dar. Preciso admitir que às vezes me acontece de dar a esmola, sobretudo quando a miséria humana é tão terrível - um doente, uma mãe cujo filho está à beira da morte - que não posso evitar levar a mão ao bolso e dar alguma coisa. Mas sempre que é possível reprimo esse impulso."
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"Quando queremos ajudar os pobres, normalmente lhes oferecemos caridade...A caridade não é absolutamente a solução para a pobreza. Ela apenas a perpetua, retirando dos pobres a iniciativa...Os filhos de pais que vivem do seguro-desemprego normalmente passam sua própria vida vivendo também do seguro-desemprego."
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É preciso que os bem-intencionados, religiosos ou não, reflitamos sobre isto! Namastê!
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