sábado, 15 de novembro de 2008

YUNUS: É possível acabar com a fome!

Nesta Terça-Feira 11/11, perante um auditório com mais de 4 mil presentes, no evento "ExpoManagement 2008", no Transamérica Expo Center, em São Paulo, que teve como palestrantes, professores de Economia, Administração, Política e Direito Ambiental, Gestão e Estratégia, Finanças e Marketing, com MBA's e Ph.D's em Harvard, MIT, Yale e de outras renomadas universidades do 1° mundo, tive a honra de ouvir o bengalês (nascido em Chittagong, cidade portuária do Bangladesh, em 1940) MUHAMMAD YUNUS - um DUSBONS, com letras garrafais e em neon. Aos 20 anos formou-se economista no seu país; em 1970, doutorou-se na Vanderbilt University/EUA; lecionou na Middle Tennessee University de 1969 a 1972, antes de voltar a Bangladesh e ter que fundar o Grameen Bank Project, em 1976. Yunus e o Grameen Bank ("Banco da Aldeia") receberam, em Oslo, Noruega, o Prêmio Nobel da Paz 2006 - pela 1ª vez concedido a uma pessoa e a uma instituição - "por seus esforços em criar desenvolvimento econômico e social a partir da base da pirâmide" - foto à esquerda. Yunus é famoso por ter aplicado com sucesso o conceito de microcrédito para ajudar os camponeses de Bangladesh a sair da miséria, oferecendo-lhes crédito sem exigir qualquer tipo de garantia.
DETALHE: Adimplência de 98 a 99% e sem garantia nenhuma pro Grameen.

Na palestra (que considerei a melhor das 13), Yunus disse:

"A pobreza foi criado pelo sistema, pelos nossos conceitos políticos; os pobres trabalham muito e o sistema se recusa a pagar mais. Os pobres são criativos mas não têm a oportunidade de desembrulhar o dom que têm."
"Como seres humanos, somos multidimensionais no mundo dos negócios; temos capacidade de agir com egoísmo e altruísmo, que coexistem em nossos corações. A teoria econômica construiu-se somente no egoísmo."
"Cuidar da parte altruísta é criar a "empresa social", sem dividendos financeiros. O negócio social é investir mas o dividendo precisa voltar para a empresa. Dar dinheiro é caridade, é filantropia, mas o dinheiro vai e não volta."
"O poder do negócio social é muito maior que o dinheiro usado em caridade."
"A mulher pobre é uma excelente gerente de recursos; sabe administrar o pouco dinheiro junto à família."
"Hoje, o Grameen empresta dinheiro a 7,5 milhões (a maioria mulheres)."
"Um dia poderemos ter o "Museu da Pobreza", contantoque acreditemos que a pobreza é uma imposiçãoartifical a ser descartada."
"O direito do crédito é também um direito humano."
"O Bolsa-Família é o primeiro passo para ajudar os pobres brasileiros, mas é preciso dar microcrédito para que os pobres trabalhem por conta própria. E o banco do microcrédito não deve ser do Governo."

A dica dasboas é o livro O BANQUEIRO DOS POBRES (lançado na França com Alan Jolis, em 1997) e no Brasil pela Editora Ática em 2008, com 343 páginas, narrando a autobiografia de Yunus - foto acima, à direita.
Na internet, para saber mais sobre Yunus, em português, clique aqui. Em inglês, aqui.
Se quiser conhecer o site do Grameen Bank, clique aqui.

P.S.: No mega-evento da semana passada que ainda contou com o famoso Stephen Covey e Jimmy Wales, o criador do Wikipedia, Yunus foi o único aplaudido em pé, por mais de 4 mil pessoas. Resta-nos torcer que se 2% dos executivos que aplaudiram fizerem alguma ação voltada pro "negócio social" no nosso Brasilzão, muito será feito em benefício daqueles que têm criatividade para se autogerirem. Precisam só de um empurrãzinho e zero de paternalismo. Acredito que podemos mudar a face do planeta, a partir da nosso bairro, cidade, País etc.

2 comentários:

Paulo Afonso de Paiva Cavalcanti disse...

Voce tem razão quando afirma que "O negócio social é investir mas o dividendo precisa voltar para a empresa". Pior, o dividendo precisa voltar triplicado e passa a haver a exploração de sempre. O Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras é um exemplo nosso que deu certo. Mas não cresce, não se multiplica, as dificuldades são enormes. Tentei fazer algo parecido, mas precisei de outras pessoas e não encontrei ninguém. Encntrei os que queriam saber antes o conhecido: "quanto eu ganho?"
Dia há de chegar que isto vai mudar.
Paulo Afonso

Blog Blogspot disse...

Paulo,

Se observarmos, de alguma forma, o "Banco Palmas", o CrediAmigo do BNB e o "Bolsa Família" do Governo Federal se aproximam do ideário do Yunus.
O detalhe é que os funcionários do Grameen são alunos e ex-alunos do Professor Yunus; são eles que vão até à casa dos pobres para oferecer crédito - e se for o caso, eliciam algum tipo de talento que a mulher visitada possa transformar em negócio.
Há empréstimos até para mendigos com juros ZERO.
Hoje, o Grameen Bank financia 60 mil universitários que depois irão restituir o que receberam.
Não li os livros todos, mas a princípio,penso que a idoneidade moral dos bengaleses e o valor médio(prá nós baixo) de 40 dólares para iniciar uma atividade produtiva e se livrar de agiotas podem ser 2 das causas do sucesso do microcrédito em Bangladesh.
Faria uma correção ao Yunus. Acho que a POBREZA ainda continuará existindo entre nós (por muitas razões), mas é possível extinguir com a MISÉRIA - que era e ainda é muito presente nos países tidos do 3° mundo. Abs.